terça-feira, 18 de agosto de 2009

CARA E COROA

Existe uma brincadeira muito comum entre as crianças que é o cara ou coroa, todos nós aprendemos a jogar quando pequenos, normalmente faz parte do processo de desenvolvimento, aliás as brincadeiras tem um papel muito importante no crescimento, ajudam as crianças a se socializarem a discernirem entre o certo e o errado, o bom e mau e principalmente a escolherem de que lado querem estar.

O que acontece é que parece que com o andar do tempo, quanto mais adultas ficam as pessoas mais rápido se esquecem das brincadeiras de criança e principalmente dos valores que elas nos ensinavam, e para alcançar o poder e "estabilidade" social passam a inventar novos jogos e brincadeiras, e o mais comum entre os inventados é CARA E COROA.

Se antes eles tinham que decidir entre a cara ou a coroa, hoje não precisam mais. Ficam-se pela cara e pela coroa. Esses seres sem nenhum escrúpulo muito menos personalidade, veneram empoleirar-se aos muros e ficar entre o SIM e o NÃO sem se decidirem pelo TALVEZ, é incrivel como para eles é facil misturar o preto e o branco e não obter o cinzento; adoram um casamento de macacos, a mistura entre o sol e a chuva.

E essas personalidades que se esqueceram que um dia foram crianças e de como era prazeroso brincar e ter uma escolha única por mais que não fosse a correcta, compõem uma minoria activa no nosso país, um meia dúzia que representa Moçambique e é reconhecida no mundo. Esse grupo de ELITE é que faz a cara da nossa nação la fora. E os outros que eu não chamaria de bem intencionados, mas que ao menos sabem exactamente que posição tomar referente a qualquer situação proeminente, esses apesar de constituírem uma maioria que eu acredito que sejam, nem se quer se lhes ouve a voz, não se lhes vêm os passos, eles andam e não deixam marcas, se gritam há sempre uma tempestade para os cobrir.

O incrivel é ver como, essa situação parece não incomodar a ninguém, como parecemos todos conformados em ensinar aos continuadores jogos que nossos pais não nos ensinaram, como a informação deturpada sobre o que seria ético e moral chega as nossas casas como se fosse tão natural como o Oxigénio que compõem o ar e nós a aceitamos. Aceitamos sorrisos cínicos, falsas promessas, aceitamos árbitros que nos incentivam a cometer arbitrariedades, polícias que nos conduzem a corrupções baratas nas vias públicas, aceitamos enfermeiros e serventes a extorquirem-nos a fim de exercerem as funções para as quais recebem o salário que é de assegurarem o que é nosso por direito: a saúde. Aceitamos ladrões a roubarem-nos ainda os apelidamos carinhosamente de Estado, aceitamos o lixo nas nossas ruas enquanto a EDM cobra-nos sempre o imposto da taxa de lixo, aceitamos ruas e estradas bloqueadas por períodos inaceitaveis enquanto emprenteiros receberem dinheiro do Estado que por mera "coincidência" é do povo, para melhorar as nossas vias. Aceitamos ainda uma série de situações que seriam cómicas se não fossem trágicas e não fazemos nada. Parece sinceramente que o descontentamento nos agrada.

E a questão que sempre me martela a cabeça como cidadã Moçambicana que aprendeu a jogar ao cara ou coroa vulgarmente conhecido como o jogo da batota (bandeira ou marca) é apenas uma: Será que para se viver e se fazer sentir em Moçambique teremos todos que começar a jogar a CARA E COROA?

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